A Doença do Século
- Maria das Graças da Hora
- 1 de fev. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 6 de fev. de 2022

A DOENÇA DO SÉCULO
Em que tempo estamos vivendo?
Tempo da mais avançada tecnologia, seja na área das comunicações, da engenharia genética, da “fabricação de uma espécie humana de melhor qualidade”, livre das mais diferentes doenças detectadas no DNA, evitando sofrimentos futuros.
Tempo de maior longevidade, da manutenção da juventude, através do uso dos mais potentes cosméticos e aperfeiçoamento da cirurgia plástica.
Tempo da produção de psicofármacos cada vez mais potentes.
Tempo em que tudo que se deseja está ao alcance de nossas mãos. Embora isso seja verdade não impediu o avanço de um mal-estar que afeta a todos. Refiro-me a depressão. Uma doença que atinge jovens, adultos, idosos e crianças. Até 2020, esta será a doença mais incapacitante do planeta, na previsão da Organização Mundial da Saúde
Nunca se viu tanta depressão, tantos medos, tantas fobias, tanta solidão. Entretanto, o que dizer do uso indiscriminado das drogas antidepressivas? “A pílula da felicidade!” É só o sujeito se queixar de tristeza, pouca disposição, preocupações, que logo é introduzida a “pílula mágica”. Não é permitido sentir nenhum incômodo. Não se pode sentir frustrações. Com isso, vamos nos tornando indivíduos frágeis que frente a qualquer mal-estar, sucumbem na mais profunda miséria emocional.
Há que se separar o joio do trigo.
Para algumas pessoas que sofreram perdas através da morte de entes queridos, de algum adoecimento, falta de esperança na vida, que perderam a capacidade psíquica de transpor os sofrimentos, a depressão pode se tornar uma doença de difícil controle e pode se tornar crônica. Nesses casos, buscar ajuda profissional se faz necessário. Porém, nem toda queixa, nem toda tristeza é depressão. Faz parte de nossa constituição psíquica uma certa “depressividade”, o que não significa estar doente, pelo contrário, após um momento de tristeza somos surpreendidos por uma força interior que nos possibilita lidar melhor com os desafios da vida.
Criar, produzir, elaborar nossas perdas, nossos lutos, nos possibilita mergulhar nas incertezas do amanhã, sem perder o sentido do hoje; apostando no risco pela vida.
Mas, como dar sustentação a esse processo normal se vivemos em tempos de “gozo absoluto”. A ordem do dia é ser feliz, ter prazer, custe o que custar.
Não é à toa o uso abusivo de antidepressivos que na maioria das vezes não produz o efeito desejado, a cura do sofrimento. Não estou desconsiderando os aspectos positivos das novas descobertas farmacológicas, nem tão pouco do uso dos antidepressivos nos casos que se façam necessários. A meu ver, o que de fato provoca nosso mal-estar, é exatamente o TEMPO de vínculos frouxos, de muita competitividade, da cura imediata, dos excessos de toda ordem e uma total ausência de ESCUTA! Tempos...tempos...tempos.
Maria das Graças Amorim da Hora



O Remédio para alívio das dores da alma está em nós mesmos. É na palavra, que iremos encontrar não a cura para nossas dores, mas a capacidade de suporta-las, seguir em frente e que de quebra nos abre a possibilidade da certeza que a felicidade existe, que é pontual, e que está ao alcance de todos nós.